– Miguel Esteves Cardoso decidiu, numa mini-crónica intitulada “O antiwokismo primário”, benzer a peste que ameaça a cidade, o wokismo, essa panóplia primária que combina realidades tão sinistras como a cancel culture, o interseccionismo, a apropriação cultural e outras realidades do “género” ….
– Surpreendeu-me, embora não muito, não só porque MEC há uns tempos atrás já tinha dito, a propósito do ”politicamente correcto”, alguns disparates nesta linha, mas sobretudo pelo “grau zero” a que chegaram as suas mini-crónicas no jornal que se tem tornado, sobretudo pelas suas opções de opinião, numa espécie de órgão oficioso do wokismo nacional, onde agora MEC publicou o seu manifesto s0bre “O wokismo primário” (Público, 18.04.2023).
– MEC vem assim benzer a peste do wokismo , isto é a cancel culture, a censura de autores e/ou a reescrita estalinista das suas obras – num tsunanami inquisitorial que tudo arrasa de Enyd Blyton a Agatha Christie … -, a perseguição policial ( a raiar o pidesco) das mais diversas pessoas devido apenas às suas ideias, chegando a exigir e a conseguir a perda dos seus empregos (com a consequente destruição das suas vidas profissionais e privadas), a chamada “apropriação cultural”, os mais variados atentados à liberdade de expressão, etc., etc.
– E MEC fá-lo de dois modos de uma indigência quase inqualificável: o primeiro é – imagine-se! – o de tentar fazer passar o wokismo por uma pacífica e inócua variante dos programas políticos mais ou menos social-democratas de defesa de uma sociedade “de igualdade de oportunidades” … Pasma-se!
– O segundo, ainda mais grotesco, é levar a sua bênção ao ponto de afirmar que “não ser woke é ser selvagem” – quando o wokismo se caracteriza, objectivamente, por toda o espectro que acima referi, pelo fanatismo analfabeto e persecutório de tudo o que seja diferente, em nome de identidades ora forjadas ora imaginárias, mas sempre distorcidas e manipuladoras, agredindo, anulando, cancelando tudo o que não se lhe submeter total e caninamente.
Nada de equívocos, MEC, aqui é que está a selva.